sexta-feira, 16 de abril de 2010

Apenas um conto...


Eu preciso de uma última chance, os minutos se passaram e continuo perdendo tempo.
Há dois meses, os dias não pareciam tão longos nem as horas tão vazias. Estava em uma vida alucinada e psicótica, errada. Já me encontrava no terceiro "Starbucks"e há mais de trinta horas acordada (como se tivesse dormido nos últimos dias).
Não queria parar, não podia, o trabalho, o dinheiro a ganância. Então, parou. Chamam isto de coma, mas preferia morrer. Poderia estar em uma bolha sem noção de tempo e espaço. A paciência me trouxe de volta os sentidos, ouvir, respirar, sem ver. A memória me trouxe a luz, o carro, acidente, a falha.
Agora, o tempo passa, mas as pessoas não, sozinha, nua, sob lençóis em uma ala de hospital. Amigos, amantes e parentes se os tive, perdi-os há muito tempo.
Sinto-me piegas, ou uma palavra que nunca conheci, lamuriando entre enfermeiras e agulhas, e morrendo por aquilo que vivi. Ninguém reivindicará o desligamento dos aparelhos, nem o meu fim.

Luana Araujo