sexta-feira, 16 de abril de 2010

Apenas um conto...


Eu preciso de uma última chance, os minutos se passaram e continuo perdendo tempo.
Há dois meses, os dias não pareciam tão longos nem as horas tão vazias. Estava em uma vida alucinada e psicótica, errada. Já me encontrava no terceiro "Starbucks"e há mais de trinta horas acordada (como se tivesse dormido nos últimos dias).
Não queria parar, não podia, o trabalho, o dinheiro a ganância. Então, parou. Chamam isto de coma, mas preferia morrer. Poderia estar em uma bolha sem noção de tempo e espaço. A paciência me trouxe de volta os sentidos, ouvir, respirar, sem ver. A memória me trouxe a luz, o carro, acidente, a falha.
Agora, o tempo passa, mas as pessoas não, sozinha, nua, sob lençóis em uma ala de hospital. Amigos, amantes e parentes se os tive, perdi-os há muito tempo.
Sinto-me piegas, ou uma palavra que nunca conheci, lamuriando entre enfermeiras e agulhas, e morrendo por aquilo que vivi. Ninguém reivindicará o desligamento dos aparelhos, nem o meu fim.

Luana Araujo

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Estamos com Fome de Amor...

(Eu mesma iria escrever um texto, mas gostei muito deste que eu li na Auto Estilo Magazine do Arnaldo Jabor, então eu resolvi postar)
Uma vez Renato Russo com uma sabedoria impar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam e alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir",só isso algo tão simples que cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!", até a desesperança "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos. quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mais pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor , todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetado diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso e adorar rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que não posso me aventurar e dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Amante Silencioso

Amante Silencioso 
Luana Araujo

O vento frio e gélido sopra
Enquanto das nuvens negras
Cai a chuva húmida e também gélida
Sobre o solo e as árvores já estonteadas.

Escondida,
Sob a segurança e proteção do meu quarto
Me encontro a observar, as gotas
Que se chocam e deslizam, ao vidro, puras e persistentes.

Gotas nuas e vorazes
Vindas diretas em minha direção
Sem poder nem mesmo me tocar
Quem dera me atingir realmente.

Devaneio-me a comparar o coração
Um coração que um dia puro, ingênuo, voraz,
Sensível a sentimentos e emoções
Comparado a um vidro maciço e impenetrável.

Nem o mais miserável dos homens
Merece ter o coração em tal comparação
Pois pior que ter um coração de pedra
É ter um coração vivo envolto em cristal.

Um coração que sente, sofre e grita
Sem o dom de se expressar
Um coração vendado, preso e amordaçado
Pelo simples motivo de querer amar...

domingo, 9 de agosto de 2009

Mundo...

Toda pessoa que vive em um ambiente de convivência com outras pessoas está incluída em uma sociedade e possui responsabilidades sociais. No mundo, do qual não me excluo, temos um pensamento sempre no amanhã, na tecnologia, na extra e banal informação a qual nos é imposta todos os dias não importando aonde estivermos. Nos privamos de prazeres pequenos e emoções simples, pois o obrigado e a beleza da vida acaba virando rotina esquecida, tal como você não sabe nem mesmo a aparência de pequenas pessoas que estão a sua volta todos os dias, pois nos é muito mais interessante olhar a capa de uma revista no super mercado para saber o que acontecerá na próxima semana da novela do que gastar seu precioso inútil tempo em dar atenção a atendente que tenta ser o mais educada possível para manter seu emprego.
Quando falamos em mudar o mundo as pessoas dizem que são crendices bobas e impossíveis, mas nunca nem mesmo tentaram dar um mínimo auxílio para as pequenas ligações de vida ao redor de sua cúpula. Mudar o mundo não é extinguir toda a maldade, nem mesmo recriar o dilúvio para que livremos a terra de todos os corações corrompidos, mas sim apenas fazer a sua parte, quem sabe começando por aquilo que está ao seu alcance pois...
"Comece fazendo o que é necessário,
Depois o que é possível,
E de repente você estará fazendo o Impossível"
(São Francisco de Assis)

Fuga da Rotina

Fuga da Rotina
  Luana Araujo

Meus olhos instigados pela janela
O sol já adentrando o quarto
O relógio no chão, inerte, inconsertável
Não dará mais sinal de vida.

Ao olhar meus jeans surrados
E a bolsa ainda a cheirar verniz
Retirar-me da cama
Não me parece tão boa opção...

Perante o espelho já não me consumo,
As olheiras e os cabelos revoltados,
Outrora já estiveram mais fundas e rebeldes
E não me prenderei agora.

Na rua o frio da noite ainda a me atingir
Mas o céu limpo mostra
Que logo o orvalho terá sumido
Orvalho que se encontra sobre os carros
Os carros daqueles que hoje mantém sua rotina

Na esquina, surpreendida, percebo-me assustada
Por aquele que ali reside
Mas minha exaltação,
Neste rompimento de rotina,
Nem tremula seu momento de paz...

Em minha relutância matutina
Para abandonar o aconchego do meu leito
Não havia gastado um pensamento sequer
Na condição indiferente
De cada integrante da sociedade.

Nem sequer reparado na hipocrisia
Insensibilidade e arrogância desta sina
Ao passar o dia sob um teto, sobre um chão,
Onde nem o clima é livre de ser manipulado

Nem sequer compreendido coisas "fúteis"
Como comunidade, ser bom ou solidário,
Convivendo em um mundo capitalista
E egocêntrico...

Mas ao pensar, reparar, compreender...
Penso não ter sido tão mal
Meu despertador inerte no chão
Reparado em um homem tratado pior que cão
Compreendido os questionamentos
Da minha estranha linha de raciocínios...

Vejo-me liberta
Dos questionamentos aprofundados
Em minhas olheiras...
Da venda,
Da visão fria e imparcial da vida
Fora desta cúpula...

E a desejar a todos,
erros, chances, decisões...
Fugas de Rotina...
Para que não sejamos ignorantes!