domingo, 9 de agosto de 2009

Fuga da Rotina

Fuga da Rotina
  Luana Araujo

Meus olhos instigados pela janela
O sol já adentrando o quarto
O relógio no chão, inerte, inconsertável
Não dará mais sinal de vida.

Ao olhar meus jeans surrados
E a bolsa ainda a cheirar verniz
Retirar-me da cama
Não me parece tão boa opção...

Perante o espelho já não me consumo,
As olheiras e os cabelos revoltados,
Outrora já estiveram mais fundas e rebeldes
E não me prenderei agora.

Na rua o frio da noite ainda a me atingir
Mas o céu limpo mostra
Que logo o orvalho terá sumido
Orvalho que se encontra sobre os carros
Os carros daqueles que hoje mantém sua rotina

Na esquina, surpreendida, percebo-me assustada
Por aquele que ali reside
Mas minha exaltação,
Neste rompimento de rotina,
Nem tremula seu momento de paz...

Em minha relutância matutina
Para abandonar o aconchego do meu leito
Não havia gastado um pensamento sequer
Na condição indiferente
De cada integrante da sociedade.

Nem sequer reparado na hipocrisia
Insensibilidade e arrogância desta sina
Ao passar o dia sob um teto, sobre um chão,
Onde nem o clima é livre de ser manipulado

Nem sequer compreendido coisas "fúteis"
Como comunidade, ser bom ou solidário,
Convivendo em um mundo capitalista
E egocêntrico...

Mas ao pensar, reparar, compreender...
Penso não ter sido tão mal
Meu despertador inerte no chão
Reparado em um homem tratado pior que cão
Compreendido os questionamentos
Da minha estranha linha de raciocínios...

Vejo-me liberta
Dos questionamentos aprofundados
Em minhas olheiras...
Da venda,
Da visão fria e imparcial da vida
Fora desta cúpula...

E a desejar a todos,
erros, chances, decisões...
Fugas de Rotina...
Para que não sejamos ignorantes!

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